Ilhéus é uma cidade agraciada pelos Deuses. Afirmamos isso sem pestanejar, mas sem também fazer vistas grossas ante os nossos problemas. Que, diga-se de passagem, são muitos. Mas não negamos o fato de que o universo conspirou a nosso favor. Em especial pelo marketing estrondoso que a cidade obteve, e ainda obtém, graças a um livro e, consequentemente, graças também às suas versões televisivas e cinematográficas. É óbvio que estamos falando de Gabriela Cravo e Canela.
Criticas literárias à parte, o certo é que o velho Amado conseguiu impetrar no imaginário de quem o leu (ou assistiu), personagens como o turco Nacib, o "bon vivant" Tonico Bastos, a cafetã Maria Machadão, sanguinários coronéis e seus jagunços, além da estonteante morena retirante protagonista do livro. Com isso, muita gente vem para a cidade objetivando andar pelas ruas onde eles andavam, ir nos locais que frequentavam, e respirar o ar mítico de uma Ilhéus idealizada e propagandeada por Jorge.
Mas a cidade ainda não fez por merecer tal marketing. Talvez porque durante muitos anos não precisou, já que o cacau era a peça motriz da economia local. Começamos a pensar no turismo como alternativa econômica, após o declínio da lavoura dos frutos dourados. Isso já faz mais de 20 anos, e, até agora, não amadurecemos o suficiente para consolidarmos a cidade como um paradeiro turístico de fato.
O que não quer dizer que não tenhamos visitantes aos milhares todos os anos. Muito pelo contrário. Mas, um bom observador há de convir que da forma como a cidade vem sendo gerida há anos, a impressão que se tem é que a missão em voga de tais gestões foram e ainda são a de afugentar possíveis turistas. Listar os motivos que nos levaram a crer piamente nisso levaria muito tempo e tomaria grande espaço. Mas os fatos insistem em saltar aos nossos sentidos. Mesmo assim preferimos nutrir sentimentos otimistas, e acreditamos que a nossa luz insiste em brilhar apesar das nebulosidades instauradas. Parafraseando uma sábia metáfora: “Não há água suja, apenas sujeira na água”. Pensemos nisso.
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