quarta-feira, 2 de março de 2011
1.299 - O retorno ?
Domingos Leonelli
Para o investimento de 52,9 milhões que o governo do Estado diz fazer no carnaval da Bahia não há como negar: oferecer a Ilhéus apenas um show de Tonho Matéria e outro de Viviane Trípode, chega a ser uma chacota, um desrespeito, uma falta de compromisso com a cidade.
De há muito os governos baianos misturam "Carnaval da Bahia" com "Carnaval de Salvador". Não duvidem: a maior parte destes recursos é para a festa que aparece nos holofotes do mundo. Os mesmos holofotes que naturalmente se apagam para o resgate das tradições culturais que as festas do interior priorizam em fazer.
Diante de tamanho absurdo, não há como se evitar pelo menos dois questionamentos a respeito do descaso. Seria falta de planejamento das nossas autoridades? Ou seria, quem sabe, lá no fundo, uma resposta silenciosa de alguma autoridade que meses atrás não se conformou com o resultado que obteve nas urnas em Ilhéus?
Os sinais são de que as duas perguntas fazem sentido.
Em Salvador, acabou um carnaval, começa-se a pensar no outro. Aqui, só lembram da festa, 20, 30 dias antes dela acontecer. Aqui não se planeja nada. E quem não planeja não pode ter o respeito daqueles que andam - mesmo que temporariamente - com a caneta na mão.
Mas daí a dar esmola ao carnaval de Ilhéus é não ter o mínimo carinho pela cidade. Nem vamos considerar o fato de que Domingos Leonelli, secretário de Turismo é do mesmo partido do prefeito Newton Lima. Até porque é discurso permanente do Governo da Bahia que Jaques Wagner não privilegia aliados nem persegue adversários.
Mas, convenhamos. Leonelli recentemente foi agraciado com a Comenda São Jorge dos Ilhéus.
Para quem não conhece a homenagem, trata-se do mais significativo reconhecimento que a cidade faz àqueles que a ajudam a seguir em frente.
É bem verdade que ele só veio à cidade receber a medalha, um ano após feita a homenagem numa nítida mensagem que, agora, somente agora, parece fazer mais sentido.
Ilhéus, portanto, esperava muito mais do secretário de Turismo e, consequentemente, do Governo da Bahia.
Da mesma forma que, talvez, o próprio Leonelli esperasse mais das urnas da cidade onde, apoiado por pessoas influentes do governo municipal, conseguiu apenas 1.299 votos. Ou mesmo uma maior atenção no ano passado, quando chegou - em campanha - para conferir a festa e não foi sequer recepcionado pelo prefeito Newton Lima que, ante ao fracasso da ajuda recebida, preferiu passar o carnaval 2010 noutro lugar.
Sugerimos, portanto, aos organizadores do Carnaval, um novo enredo para a festa momesca de Ilhéus, animada por Tonho Matéria e Viviane Trípode.
Um enredo que, talvez, reflita melhor o sentimento que toma conta do coração dos ilheenses mais esclarecidos.
"1.299, o retorno".
Só assim se explica, com o ritmo do axé rejeitado por Salvador, o tamanho descaso com a cultura e com o turismo desta cidade.
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