Falta espaço na casa de quatro cômodos pequenos onde Wellington Borges da Silva, de 11 anos, vive com os pais e mais dois irmãos. Os livros didáticos que recebe da escola ficam empilhados em um cantinho, junto com o único caderno, ao lado do guarda-roupas, no quarto que divide com os irmãos.
Wellington faz as tarefas da escola em pé, na mesa da cozinha, onde não há cadeiras. A família não possui livros de literatura, nem lápis de cor ou giz de cera. Ele carrega o lápis, a caneta e a borracha no bolso. Não tem mochila ou estojo.
O pai de Wellington tenta, mas não pode ajudar muito o menino porque só estudou até a 5ª série do ensino fundamental. Avisa todos os dias aos filhos que só o estudo pode mudar a dura vida da família, que ainda sonha com a casa própria.
A realidade de Wellington, que mora em Apuarema, no interior da Bahia, se assemelha à de centenas de crianças da cidade (e do País). Não aparece nos números que medem a qualidade da educação nacional e suas complicações não foram suficientes para fazê-lo desistir de estudar. Pelo menos, por
Em busca de conhecer os fatos que as estatísticas dificilmente conseguem medir e de respostas que justifiquem o sucesso e o fracasso de escolas e municípios no processo educacional, o iG percorreu, no início do mês, mais de 1.000 quilômetros pela Bahia, o Estado que amarga algumas das notas mais baixas do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Conversou com professores, diretores, gestores, pais e alunos de quatro municípios. Em um deles, fez a visita acompanhado da pedagoga Mônica Samia, que coordenou duas pesquisas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre o Ideb desde 2007. As descobertas desta viagem serão publicadas, de hoje até sexta-feira, em série de reportagens que desvenda a realidade por trás dos números da educação.
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